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Kleber Del Claro

Nem sempre quem te põe na merda quer seu mal!


Foi com essas palavras que demos início a dissertação de mestrado de meu aluno Wilson Fernandes Réu Jr no programa de pós-graduação em Comportamento Animal da UFJF.

Wilson estava desesperado porque todo o nosso plano A de mestrado havia ido por água abaixo. As plantas marcadas foram arrancadas, ou queimadas, ou os bichos simplesmente sumiram.

Então fomos ao campo e encontramos os besouros Chlamisinae.

Quando a mãe ovipõe na planta hospedeira, ela defeca sobre o ovo. A larva ao eclodir, fica escondida embaixo da casca de ovo coberta de fezes e se alimenta das pétalas das flores da planta. Isso tem uma dupla função protetiva, pois além de servir como um chapeuzinho contra o escaldante calor do cerrado ainda evita que formigas comam as larvinhas. Acontece que essas larvinhas reconhecem o primeiro presente que a mãe lhes deixou como uma lição de vida. Elas comem e defecam e vão usando as fezes para construir um chapéu, igual um gorro de saci (veja nas fotos). As larvas ficam dentro desse gorro e se escondem nele agarradas às plantas cada vez que uma formiga ou vespa, ou uma aranha se aproxima delas. Depois, quando crescidas, elas entram no gorro e o fecham, caindo no solo. Daí ocorre a metamorfose dando origem a um besourinho adulto, e tudo começa de novo, e de novo, e de novo!

Tá vendo, nem sempre que te põe na merda quer seu mal!

Vejam nosso paper em Neotropical Entomology - ou em www.leci.ib.ufu.br


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