A Poligamia, ou seja, o acasalamento de um macho com várias fêmeas, é um padrão comum na natureza, muito mais comum que a Monogamia. Isso tem várias explicações. Que vão desde a diferença no tamanho dos gametas feminino (óvulo) e masculino (espermatozóide), até a certeza de paternidade e o cuidado parental. Há inúmeras discussões e controvérsias quando o assunto é a natureza da poligamia, especialmente envolvendo o ser humano.
Há algum tempo, nossos colégas biólogos comportamentais, mastozoólogos e geneticistas descobriram uma pequena espécie de roedor que vive entre o noroeste dos Estados Unidos da América do Norte e o sul do Canadá. Este roedor, conhecido como Arganaz do Campo é a única espécie completamente monogâmica dentro de uma rica e enorme linhagem filogenética poligâmica. Nossos colegas cientistas se perguntaram: como e porque esses ratinhos seriam monogâmicos?
Através de cortes histológicos e estudos anatômicos foi decoberto que esses ratinhos tinham o pálio ventral em seu cérebro mais desenvolvido. Estudos bioquímicos revelaram que essa região produzia muito de um hormônio conhecido como vasopressina, que dá grande sensação de saciedade, prazer.
Estudos comportamentais reveleram que quando esses ratinhos encontravam e copulavam mais de uma vez com a mesma parceira, aumentava a liberação de vasopressina no pálio ventral e assim, o ratinho queria ficar cada vez mais perto, dar atenção e copular com a mesma ratinha. Portanto, a sequência de relações sexuais entre a mesma fêmea e o mesmo ratinho produzia um feedback positivo, que tornava esse machinho o mais fiel dos machos. Totalmente monogâmico e, imagino muito feliz.
Mas o melhor vem agora!
Estes Biólogos descobriram e isolaram um gene responsável por todo esse processo. O Gene APVr1A.
Novos testes foram feitos e conseguiram comprovar que a inoculação (isso mesmo, uma ingeção) desses genes no pálio ventral dos ratinhos os tornava ainda mais fiéis, ainda mais monogâmicos.
Para uma comprovação definitiva, foram feitos testes inoculando esses genes no pálio ventral de outra espécie de ratinho, que era poligâmica e advinhem! Ela se tornou monogâmica enquanto recebeu esses genes.
Os cientistas procuram agora variações desses genes no ser humano.
Daí fica para sua imaginação querida amiga, iria gostar de uma seringuinha cheia de APVr1A?
Colegas, cuidado! kkk
Veja mais em minhas aulas de comportamento animal, livres para todos os públicos, no youtube.
Um abraço,
Kleber Del Claro