O BRASIL INCENDEIA SEU PRESENTE E CONDENA SEU FUTURO ÀS CINZAS
DO QUE PODERIA SER UMA NAÇÃO.
Em solidariedade aos museus, florestas e mentes que se queimam no Brasil.
Eu sinto um frio imenso na alma, enquanto o calor das chamas transborda pela tela da televisão. O que se queima no Brasil hoje, não é o passado apenas. O Brasil incendeia seu presente e condena seu futuro às cinzas do que poderia ser uma nação.
Foi numa quinta-feira, 15 de dezembro de 2016, com a Emenda Constitucional 95, que congelou por 20 anos os investimentos em Ciência, Tecnologia e Educação, que o incêndio do Museu Nacional no Rio de Janeiro começou. Nós já tínhamos visto o Butantã queimar, o Museu da Língua Portuguesa queimar, o fósforo já estava riscado, eram favas contadas. O pior incêndio pelo qual estamos passando não aparece na televisão. Estamos queimando cérebros no Brasil. Isso mesmo! E aos montes!
Os cortes em investimentos na educação, a falta de garantias e regularidade nas bolsas de pesquisa e pós-graduação, os financiamentos aprovados e não pagos, estão condenando toda uma jovem geração de cientistas. Estas pessoas estavam sendo preparadas, nos últimos 15 anos, para colocar o Brasil, enfim, num patamar de competitividade internacional em Ciência e Tecnologia. O Brasil, mais uma vez perdeu a sua chance de mudar de era, de sairmos da era industrial para a era tecnológica.
Até quando vamos aceitar as imposições de políticos despreparados que condenam o futuro de nossa nação a fim de manterem seus privilégios absurdos?
A Academia Brasileira de Ciências denuncia. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência denuncia. Vinte, mas não um, foram vinte prêmios Nobel que denunciaram o desmantelamento da Ciência e Tecnologia no Brasil. As principais revistas internacionais mostraram o impacto que essas medidas absurdas de cortes, que deixam à míngua as universidades públicas, institutos de pesquisa, CAPES, CNPq, FAPs e FINEP vão representar para o aumento da desigualdade social, para a proliferação de doenças, para o crescimento do misticismo, ignorância e pobreza financeira e intelectual do país. E o governo se faz de surdo. Esse governo escuta o que lhe melhor aprouver. Ele jamais vai ouvir o barulho das chamas.
Há cinco anos via esperança nos olhos de meus alunos e jovens cientistas em formação. Hoje, vejo as cinzas do que se faz com a educação, com a ciência, com a saúde e, principalmente, com a esperança.
O Brasil incendeia seu presente e condena seu futuro às cinzas do que poderia ser uma nação.
Kleber Del Claro
Diretoria de Pesquisa - UFU
e
A Ciência que nós fazemos
Diretora de Pesquisa – Universidade Federal de Uberlândia
e
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