Acanthoscelides quadridentatus e A. winderi são besouros endofíticos comedores de sementes de Mimosa setosa var. paludosa. Testamos se esses besouros facilitariam ou dificultariam a germinação das sementes da planta, e se haveria relação entre o tamanho dos frutos e as posturas destes besouros. Além disso, descrevemos a distribuição temporal dos frutos (fenologia) e besouros durante um ano (2016-2017). A partir de experimentos com a exclusão versus a presença dos besouros mostramos que as sementes atacadas não germinam e que as sementes sadias de vagens infestadas têm piores taxas de germinação que sementes sadias de vagens não infestadas. Esse resultado sugere que as plantas podem perceber as sementes atacadas e investir menos recursos energéticos nos frutos em que os besouros estão. Encontramos maior quantidade de ovos em frutos maiores, sugerindo que as fêmeas selecionam os frutos que podem conter maior quantidade de recursos para a sua prole. Também mostramos que ocorre uma partição temporal na ocorrência dos besouros, com o mais abundante (A. winderi) ocorrendo no início da frutificação e o outro no fim da frutificação. Este último resultado sugere que esses besouros podem evitar a competição temporalmente a fim de manter a sua coexistência.
o artigo "Temporal distribution, seed damage and notes on the natural history of Acanthoscelides quadridentatus and Acanthoscelides winderi (Coleoptera: Chrysomelidae: Bruchinae) on their
host plant, Mimosa setosa var. paludosa (Fabaceae: Mimosoideae), in the Brazilian Cerrado"
Autores: Bruno de Sousa-Lopes, Nayane Alves-da-Silva, Cibele Stramare Ribeiro-Costa & Kleber Del-Claro