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Willy Naresse e Kleber Del Claro

Monogamia: a formação dos pares sexuais pode ter bases genéticas?


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A condição comportamental associada a formação de pares permanentes na natureza, tem intrigado os cientistas por mais de um século. Relativamente comuns em aves e alguns grupos de mamíferos a monogamia desperta a atenção por suas peculiaridades, custos e benefícios associados.

A monogamia pode ter se originado por várias razões, mas a garantia de paternidade e o cuidado à prole, garantindo sua maior sobrevivência e viabilidade, parecem ser os mais claros benefícios. Enquanto os custos vão desde um maior gasto energético em defesa e cuidado parental, até a opção em limitar o número de proles e a variabilidade, dada a escolha de um ou poucos parceiros durante toda a vida.

Mas teria a monogamia uma forte vertente genética?

Estudos recentes em animais revelam conjunto de genes que pode estar associado a monogamia. Em um estudo da Universidade do Texas em Austin, pesquisadores estavam interessados em descobrir de que forma características complexas como a monogamia se originam na evolução. Eles investigaram sistemas de acasalamento monogâmicos e encontraram espécies que desenvolveram essa característica ao longo de suas linhagens independentemente. Escolhendo cinco pares de espécies, eles procuraram saber se algum padrão de atividade nos genes que expressava o comportamento era compartilhado entre os animais monogâmicos, e descobriram um conjunto de 42 genes envolvidos em desenvolvimento neural, aprendizado e memória e cognição que podem estar ligados a isso.

Esse achado é surpreendente, considerando que essa característica surgiu separadamente entre as diferentes espécies de vertebrados do estudo, o que pode nos dar a ideia de que esse padrão de comportamento pode ser desenvolvido sobrepondo-se a outros mecanismos genéticos. O estudo inicialmente iria cobrir a espécie humana, provavelmente comparando nossos padrões de expressão de genes neurais com o de chimpanzés, mas essa avaliação poderia ser injusta já que nosso comportamento social é demasiado complexo.

Mesmo que limitada, essa pesquisa é uma descoberta muito interessante e mostra que a resposta para o questionamento de espécies similares possuírem padrões comportamentais tão diferentes sexualmente pode estar na origem e formação de seus genes.

Recentemente, em outro de nossos posts, abordamos outros aspectos genéticos da monogamia*.

*https://www.cienciaquenosfazemos.org/single-post/2018/04/07/O-Fim-da-Infidelidade-Masculina---uma-terapia-gen%C3%A9tica-poderia-moldar-um-comportamento

Veja mais em: https://www.scientificamerican.com/article/monogamy-may-be-written-in-our- genes1/


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