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Como ser aprovado em concurso para professor universitário federal?

Foto do escritor: Kleber Del ClaroKleber Del Claro


Como ser aprovado em um concurso para professor universitário federal?


Olha, essa aí é uma pergunta muito difícil, pois não há uma receita única. São muitas as variáveis condicionais a área do concurso, especificidades do edital, características locais e regionais da universidade ou instituto federal.


Mas, como em tudo na vida acadêmica, para quem quer ser professor federal, ou melhor professor, cientista, gestor e extensionista capaz de suportar um ambiente muitas vezes “complicado”, há algumas diretrizes básicas que ajudam nessa fase. Então, vamos lá!


Conseguir aprovação como professor universitário federal no Brasil não é das tarefas mais fáceis atualmente e não acontece do dia para noite. Não basta ter feito uma graduação, mestrado e doutorado. Você precisa ter feito uma boa graduação, um mestrado com qualidade e um doutorado de excelência na maioria das áreas. A competição em algumas áreas tem sido absurda. Nas biológicas, por exemplo, como em ecologia, botânica, zoologia, temos hoje concursos comumente com mais de 20 a 30 candidatos doutores por vaga. Desses candidatos, pelo menos uns dez apresentam as características preparatórias que vou descrever a seguir.


O primeiro passo do bom candidato é identificar o concurso no qual ele tem reais possibilidades de aprovação:

  • Suas características de formação estão no escopo do edital?

  • Sua formação e conhecimento lhe permitem dominar a maioria dos temas propostos para prova escrita e didática?

  • Tem publicações indexadas, em revistas com bom fator de impacto na área do concurso?

Não falo de experiência didática prévia, pois estamos assumindo que o candidato, em sua maioria acabou de sair do doutorado ou pós-doutorado e não teve ainda a oportunidade de lecionar. O que é uma pena! Quando fui Diretor de Pesquisa de minha universidade, criei um programa (hoje abandonado, ...) denominado “Doutor Legal”. Nesse programa os doutorandos podiam tutorar e acompanhar alunos ingressantes na universidade, ensinando a eles os passos para ter sucesso na vida acadêmica, ministrando aulas para evitar reprovações, a importância de uma IC, inglês etc. Nesse programa os doutorandos recebiam uma certificação semestral de tutoria acadêmico-científica na graduação para fins de comprovação de experiência didática. Foi um sucesso, abandonado, coisa comum nas nossas universidades que nos desanimam de dedicar nosso tempo a gestão. Mas isso é assunto para outro texto.

Voltando ao concurso, o edital tem que estar no seu escopo de formação, dentro de suas habilidades. Por quê? Bom, porque o Brasil é um país continental, as passagens de avião estão caríssimas, as hospedagens e alimentação também são custosas para um desempregado. Sem contar que muitos desses concursos vão exigir que você faça duas ou três fases. Se não puder ficar o tempo todo, uns 15 dias no local, vai ter que ir e vir. Então, um concurso hoje, é um investimento. Tem que escolher bem pois não terá dinheiro para todos.

Identificada a oportunidade, um concurso dentro de sua área, no qual você acredita ter chances reais, então agora é se inscrever. Passo número dois, leia o edital com atenção. Cumpra todas as etapas legais e prazos exigidos. Não vou discutir nesse texto, editais injustos, que merecem impugnação, editais com “CPF”, isso fica para outro texto, muiiito longo infelizmente. Tem um edital, vai prestar o concurso, siga as regras. Baixe o edital, se tiver correções baixe as correções também, guarde com você. Tenha comprovação em papel, PDF, print de tela, de que cumpriu todas as etapas no tempo certo. Não esqueça de nenhum documento para não ter sua inscrição impugnada.

Feita a inscrição, foi homologada, agora é hora de se preparar para as provas. Veja bem os tipos de provas. Tem concurso que pede prova de tema específico, tema teórico na prova escrita. Os editais costumam listar uns dez a vinte temas dos quais um será sorteado na hora do exame e você terá umas duas horas para estudar novamente e depois duas horas para redigir sua prova, sempre à tinta! Então, estude os temas, todos eles. Prepare textos de revisão para tê-los com você. Uma boa preparação nessa fase é fundamental. Tem que estudar e muito! Além da prova escrita, os concursos costumam pedir uma prova didática e análise de curriculum. A prova didática pode ser de um tema teórico ou de um projeto que pretenda desenvolver na universidade. Eu prefiro um milhão de vezes pedir defesa de projeto nas provas. Eu quero saber o que o candidato fará na universidade se for contratado. Quero saber se você, candidato, estudou o departamento ou instituto? Sabe com quais colegas vai poder se relacionar, colaborar? Seu projeto é exequível nesta instituição? Como vai se inserir na orientação dos seus alunos? Em todos os níveis, de IC ao doutorado se tiver pós-graduação na instituição. Se não tiver pós na instituição, vai propor ajudar a criar? Como fará extensão? Como vai colaborar na gestão? São todas questões importantes e você deve apresentá-las com muita didática na defesa do projeto, pois isso será julgado também. Se a prova for aula, você terá 24hs para se preparar, na sequência do texto dou dicas, além de previamente ter todas as aulas prontas com você. Faça suas provas no tempo certo, lembre-se, extrapolar o tempo leva a impugnação dessa sua etapa do certamente.

No dia das provas. Chegue antes! Vista-se bem, não é roupa de casamento, tá? Mas bermuda, chinelo, minissaia, top caindo, barba mal feita, fedido etc., digamos que pode não ser a melhor escolha. Muita gente julga o livro pela capa, sim! É um concurso, você tem 20 concorrentes!

Não demonstre nervosismo, esconda o pânico se ele estiver presente. Acalme-se. Uma dica, pense assim: “Eu me preparei bem, este é meu momento, eu sou tão bom ou melhor que qualquer um aqui, o nervosismo vai apenas me prejudicar! Vou respirar fundo, vou ficar bem, vou dar o melhor de mim!”. Você se preparou, você tem chance, e tem horas que a gente, nossa mente trabalha contra nós mesmos, temos que aprender a controlar isso. Se você é uma pessoa muito nervosa, é hora de começar a aprender a como acalmar seus nervos. Já vi muita gente boa, se dar mal em concurso por nervosismo. E a banca só resta lamentar.

Na prova escrita, cuide do tempo. Cuidado para não se perder na hora de passar a limpo. Guarde um tempo para redigir com calma, pontuar tudo direitinho, letra boa, prova limpa, e à tinta! Tem gente que faz prova à lápis, não passa a limpo no tempo e briga com a banca. Tem cada história! Mas essa parte é para um livro.

Na prova didática o tempo mínimo e o tempo máximo devem ser cuidados. Se for uma aula teórica, lembre-se que deve ser para graduação e aula não é palestra. Muita gente apresenta palestra e se dá mal. É aula e aula é um teatro, sim, imagine alunos na sala, pergunte se entenderam, pergunte se precisa repetir, dia o que foi visto na aula anterior e no final o que será visto na próxima aula. Tem que incorporar! Tem que baixar o santo e dar aquela aula! É sua hora! Seja animado sem ser palhaço, movimente-se pela sala, sem subir nas cadeiras! Pelo amor de Deus, não dê aula com as mãos no bolso, falando para a lousa, de cara fechada ou sentado projetando powerpoint! Bom, nem preciso dizer que powerpoint mal feito não dá bom resultado. Se a prova didática for de projeto além das dicas que já apresentei previamente, seja sempre cordial, assertivo se for questionado e se não souber alguma resposta, diga não sei mas estou sempre aberto a aprender e colaborar.

Se a prova tiver entrevista, prepare-se para a entrevista como indiquei na preparação para a apresentação de um projeto. Pois uma banca correta, não irá muito além de querer saber o que fará profissionalmente na instituição. Perguntas pessoais estão fora de questão e podem levar a impugnação de concursos. Por exemplo, a banca não pode querer julgar um candidato e escolher a partir das dificuldades pessoais, familiares que ele possa ter para se estabelecer na nova instituição. Isso é problema do candidato. Se ele não conseguir ele não vem e chama-se o segundo lugar. A banca tem que julgar a competência dentro das especificidades do edital! Ela não fez um edital?

Então, o edital nesse caso é a lei.

Tem muito mais coisas, que podemos escrever sobre como se preparar para um concurso, essas linhas aqui, trazem alguma luz em um assunto polêmico e desafiador, ainda mais em tempos de poucas oportunidades e muitas almas aflitas buscando seu espaço, sua oportunidade.

Eu, só posso desejar que você tenha sucesso, e em tendo sucesso, que seja um bom docente, o oposto de alguns que certamente você conheceu e nunca deveriam ter ocupado essa posição. Eu espero que você esteja conosco no lado iluminado da força!


Kleber Del Claro é Pesquisador 1A do CNPq, tem mais de 200 trabalhos científicos publicados em revistas indexadas, vários livros nacionais e internacionais, orientou mais de 100 alunos entre graduandos, mestres, doutores e pós-doutores. Está na lista dos pesquisadores mais influentes do mundo.

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